The pursuit of happiness

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O tesouro escondido

Há um bom tempo penso sobre a necessidade do ser humano de ser aceito, de pertencer a algo ou alguém, de ter sua identidade associada a qualquer outra coisa que seja importante aos seus olhos. Ao mesmo tempo que acho saudável pertencer a uma boa família e se identificar com os amigos, percebo como é vazio viver o outro extremo, de viver para ser reconhecido e admirado. O pior é quando constato que esse extremo às vezes faz parte de mim. Como gostaria de dizer que sou completamente despreocupado com minha imagem! Por mais desapegado que eu pareça ser da opinião alheia, sinto que isso ainda não se deu por completo.

É relativamente fácil para mim admitir que não sou perfeito, mas um sacrifício expôr uma imperfeição. Tenho a impressão de que ao fazer isso, torno-me pequeno, fraco, um exemplo a ser evitado em uma sociedade já carente de exemplos. Pensando alto, corro o risco de ser ouvido... Mas, ironicamente, percebo que essa prática pode ser um desafio ao próprio desejo de ser reconhecido como bom, algo um tanto terapêutico, uma confissão ou um pedido de compreensão. Digo que 'pode ser' porque sempre existe a tentação de expôr falhas não muito comprometedoras apenas pelo desejo de ser visto como humilde, uma incoerência que não se justifica.

Mas eu sou enfático em dizer que não sou desapegado à minha reputação, que às vezes supervalorizo a opinião alheia, mesmo consciente de que não é o melhor para mim. Seria isso apenas mais uma constatação infeliz do meu caráter se não existisse 'o tesouro escondido'. Em uma de suas histórias, Jesus Cristo fala que o Reino de Deus é como um tesouro escondido no campo, que um homem ao achá-lo, vende tudo o que tem para comprar esse campo¹. Talvez esse terreno não tivesse uma árvore sequer, nada aparentemente rentável, mas o que era mais importante nele era o que estava oculto! O homem vende tudo o que tem, coisas que significavam muito para sua imagem em troca do campo que só ele tinha noção do valor. Quando dirijo meu olhar para esse tipo de ensinamento percebo que quando busco o Reino de Deus meus valores mudam. Sinto que não preciso viver em busca da aprovação das pessoas, que não preciso ter amigos por interesse, que a reputação não é nada sem caráter, e que realização pessoal é desprezível se comparada à amizade de Deus. Não há lugar para complexo de inferioridade, nem para o sentimento de superioridade. A igualdade é uma das maiores expressões nos relacionamentos.

Concluo que se permaneço com minhas falhas, é porque ainda tenho muito que aprender sobre o Reino de Deus, sobre o próprio Deus. É porque nem sempre ando com Ele da forma como Ele gostaria. Ainda não sou totalmente o que Ele queria que eu fosse, mas me alegro em saber que Ele tem me transformado.

¹Evangelho de Mateus, capítulo 13, versos 44 a 46.

Thiago PX